
"Mãe Desatadora de Nós, generosa e compassiva, venho a Ti hoje para renovar a entrega deste nó que existe em minha vida e Te pedir sabedoria divina para agir sob a luz do Espírito Santo neste emaranhado de problemas. Nunca ninguém a viu irada; ao contrário, tão repassadas de doçura eram Tuas palavras que se reconhecia o Espírito Santo em Tua boca. Tira de mim a amargura, a cólera, o ódio que este nó me causou. Dái-me, ó Mãe querida,
da Tua doçura, da Tua sabedoria, refletindo tudo em silêncio, no coração. E como estiveste em Pentecostes, roga a Jesus para
que eu receba um novo sopro do Espírito Santo neste momento de vida. Espírito Santo, vem sobre mim! Maria Desatadora de Nós, rogai por mim." Amém!
Um nó na garganta... um nó na garganta era tudo o que eu tinha no dia em que voltei pra casa dos meus pais, em agosto de 2003, após desfeito o meu primeiro casamento. Um nó na garganta, pouco ou nenhum dinheiro na carteira, dois filhos pequenos (uma menina de seis e um menino de quatro anos dormindo no meu pequeno quarto de solteira), muitas dúvidas a respeito do que seria o nosso futuro dali em diante... mas mais forte que tudo, havia aquele nó na garganta. E eu rogava à Virgem, em preces, que me desse forças pra desatar o emaranhado de nós que havia se tornado a minha existência.
O que é fato é que quando alguém se casa, pensa que é pra sempre. Ninguém casa pensando em separar. Ouvi outro dia que "a desilusão é a visita da verdade, batendo em nossa porta". Nesse sentido, desiludir-se então é bom, pois que a ilusão, sim, essa permeia a vida de dores e enganos. Mas no final das contas, ninguém morre por acabar uma relação. Com raras e patológicas excessões, há um tempo finito de recolhimento e de luto, que precede uma retomada de um novo ciclo. Com ele, novos hábitos, novos rumos, novas formas de enxergar aquilo que os olhos cansados de procurar soluções, não conseguiam ver.
A vida seguiu em frente. Me descobri forte, mais forte do que jamais pensei que fosse. Às vezes ainda me sentia perdida, como se algo me faltasse. Mas educar meus filhos e fazer deles pessoas felizes, me consumia muito tempo e energia. Vez ou outra, encontrava alguma amiga, nessa época poucos ficaram do meu lado, pois que nada em mim parecia bastante interessante aos olhos dos outros... em função disso, passeava por aí, de mãos dadas comigo mesma, sequer imaginando os outros rumos que minha vida poderia tomar.
E foi justamente andando sozinha, por entre prateleiras empoeiradas de um supermercado de bairro, que o amor me encontrou. Exatamente assim, o amor me encontrou num fim-de-tarde, em uma despretenciosa segunda-feira de dezembro. Enganam-se e perdem tempo, ao meu ver, aqueles que teimam em "procurar um amor" porque, a despeito de todos os esforços empreendidos, no fim das contas é o amor que nos encontra e não o contrário.
E foi um amor auto-imune, de células mutantes, tal qual uma febre rara, que me acometeu naquele dezembro de 2006. Foi se chegando primeiro sob a forma serena de uma amizade perdida nos idos de minha pós-adolescência, de vagas lembranças de muitas conversas e nenhuma pretensão ou segunda intenção no passado. Mas ali, mesmo passados 14 anos sem ver aquele "menino" que se transformara em um homem, ainda assim aquele seria um amor proibido, desses que a gente quer distância só de se imaginar nele. Repleto de interdições e impossibilidades, ele - esse amor de tantas vontades - trazia consigo quilômetros de intolerância, preconceitos, pré-julgamentos, mágoas e resistências. Ah... e foi tanto que eu lutei contra essa entrega. Não pensem vocês que esse amor foi recebido por mim de braços abertos e guarda baixa, de forma alguma. Minha resistência foi imensa, um trabalho árduo de auto-convencimento de que tudo ali estava errado. Mas ele era um amor teimoso, desses que gruda na alma, toma conta do juízo e quando se vê, já se tem o dia invadido por sentimentos doces, pensamentos leves e suspiros poéticos.
Meses se passaram. A amizade caminhava livre... estávamos ali só por estar, não apenas pelo prazer da troca, mas pelo conforto da segurança que um dava pro outro. E não era uma segurança de acomodação, ao contrário, era a segurança da presença constante, ainda que não onipresente, mas de uma presença que libertava, que dava asas e que propunha reencontros e novas partidas. Não havia nada e ao mesmo tempo havia tanta coisa em comum! E nas longas caminhadas que fazíamos pelas ruas do bairro, ou no parque nos domingos, nas horas a fio de conversas e risadas soltas, aquele amor que nos encontrou, ia tomando a forma de um amor já vivido e experimentado antes... não nessa, mas sem sombra de dúvida, em vidas anteriores de nossa eterna existência... um amor incondicional!
Passados mais de três anos, hoje somos quatro (além de nós dois, há uma menina de treze e um menino de onze dormindo em seus quartos de solteiro ao lado do nosso quarto). Enfim todas as proibições caíram por terra, as interdições foram revogadas, os preconceitos vencidos, as mágoas esquecidas ou, ao menos, postas de lado. No entanto, até hoje existem coisas que permanecem intactas: ainda há a mesma amizade de 3 anos atrás, o mesmo conforto na presença, a mesma quantidade de assunto e de riso solto, a mesma segurança e a mesma liberdade pra ir e vir.
Não são mais longas caminhadas pelas ruas do bairro, como fazíamos quando não havia um porto pra atracar, mas há ainda hoje um eterno caminhar... lado a lado, dia após dia, ainda transpondo muitos obstáculos, que apenas nos dão cada vez mais a certeza, de que a mesma mão de Deus que nos mostrou o caminho que nos levou a esse encontro de almas, nos levará a caminhos ainda mais densos e inesperados.
E agora, aqui... escrevendo esse texto e recontando essa minha história de amor, de uma forma tão terna e simples pra vocês... me vem um nó na garganta, que rogo à Virgem Maria... não desate jamais... Amém!

7 comentários:
ahh qe linda a historia , amei *-*
Amei prima, adorei a tua história, a gente de fora não sabe como foram as coisa, e adorei saber desta maneira.
AAAAAAAAAA, tô chorando!!!! E olha q já conhecia a história...
Q maneira doce de contar o q vcs passaram, q declaração de amor despretenciosa q conseguiste fazer.
Q inspiração q me deste para q eu acredite q o amor, um dia, me encontre tb com essa intensidade e riso solto...
Q relação maravilhosa esta com a qual já pude conviver, desfrutar de bons momentos.
Foi uma benção divina o dia em q conheci o Léo e benção maior ainda o dia em q a existência uniu vcs e fez com q nós duas pudéssemos nos conhecer!
Te filo do fundo do meu coração!
Flor bela, como já te disse, por muitas vezes mesmo sem tu saber me espelhei em ti pra seguir em frente, vendo toda tua batalha e hoje teu triunfo, essa felicidade, essa linda família. Tu merece tudo de bom nessa vida. Amo você, amo sua família, amore mio.. Hehe.. Bjs.
que coisa mais liiiiiiiiiiinda, amei mesmo! que história de amor, linda! nossa! parece novela né? hehehe me apaixonei por essa história!
Ai,Nana...que lindo.
Hoje...sem palavras, lágrimas doces, mas sem palavras!
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