quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tudo novo de novo...


Vamos começar c
olocando um ponto final.Pelo menos já é um sinal de que tudo na vida tem fim. Vamos acordar. Hoje tem um sol diferente no céu. Gargalhando no seu carrossel. Gritando nada é tão triste assim.
É tudo novo de novo. Vamos nos jogar onde já caímos.
Tudo novo de novo.Vamos mergulhar do alto onde subimos.
Vamos celebrar nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer. Quando aquela de trás apagou. E vamos terminar, inventando uma nova canção. Nem que seja uma outra versão pra tentar entender que acabou.
Mas é tudo novo de novo. Vamos nos jogar onde já caímos. Tudo novo de novo. Vamos mergulhar do alto onde subimos!!!

Composição: Paulinho Moska


E é isso! A difícil arte de recomeçar. De novo e de novo, tudo de novo... tudo novo de novo!!!

Nos versos simples e sonoros do Paulinho Moska a coisa fica poética, fácil, parece uma brincadeira de criança. Na prática, recomeçar não tem nada de fácil... a não ser para a criança que dá os seus primeiros passos e que consegue rir às gargalhadas de si mesma ao cair sentada, pra novamente levantar e recomeçar a andar. Conforme o tempo vai passando, recomeçar vai ficando difícil.

Recomeçar a semana de aulas, depois do fim-de-semana brincando à vontade. Recomeçar o período letivo, depois daquelas férias maravilhosas na casa dos avós na praia. Recomeçar a mesma série então, enquanto todos os colegas passaram de ano, é um tormento. E o que dizer de recomeçar um ano letivo onde não se conhece ninguém porque seus pais decidiram mudar de bairro e mudaram você de escola, pior ainda, de cidade, de estado, porque seu pai militar foi transferido ou sua mãe recebeu aquela promoção no banco.

Recomeçar a estudar tudo de novo depois de levar a 3ª bomba no vestibular. Recomeçar o dia e encarar a sua turma, depois daquele porre que você tomou ao ver a menina dos seus sonhos, saindo de fininho da festa, com o cara mais sarado e também o mais otário. Recomeçar a procurar emprego porque aquele gerente não foi com a sua cara depois que você colocou um alargador de orelha e resolveu ir com aquele jeans rasgado que faz o maior sucesso nas festas. Recomeçar o ano, jurando que no próxima virada sua conta bancária não vai estar no negativo e você vai conseguir comprar um presente decente de Natal pra sua mãe.

Recomeçar a ligar pras amigas que você não via há anos depois que o seu namorado - após 3 anos inteiros de simbiose absoluta, onde você se anulou completamente e viveu pra ele, pros amigos dele, pros jogos de futebol dele, pros programas que ele gostava e até esqueceu se era você ou ele que gostava de batatinha frita com maionese - trocou você por aquela
loira, interessantésima, que mora sozinha, é arquiteta, é 6 anos mais velha que ele e ainda por cima tem muito mais peito e bunda que você. Recomeçar a sair na noite e conhecer possíveis novos namorados a quem se dedicar por mais não sei quantos anos de simbiose absoluta (Deus do Céu, quem não fez isso?).

E a tortura só de pensar em recomeçar pela terceira vez a estudar para o vestibular, depois de largar o 2º curso superior, que "não era bem o que você queria" e, o pior, você ainda não sabe, mas o que vão dizer os seus pais, seus amigos, seus vizinhos, se você não se formar em nada?... Recomeçar a dieta e a academia que você largou sete vezes só nesse ano fantando 2 meses para o verão e você "tem" que entrar naquele biquini maravilhoso que ficava perfeito em você no verão de 2006 e que tá lá, novinho, mofando na gaveta de lingeries.

Recomeçar a fazer planos com o seu novo amor, com quem você se simbiotizou já faz 6 meses... Recomeçar aquela lista do chá de panela que você picou em pedaços bem fininhos junto com as fotos do ex, a lista dos padrinhos do casamento, que não poderão ser os mesmos, a lista do supermercado do primeiro mês... Recomeçar uma vida nova ao lado de alguém maravilhosamente cheio de manias insuportáveis que você desconhecia, aliás, sequer desconfiava. Recomeçar a pensar em nomes para o seu primeiro filho. Recomeçar a acordar a cada três horas, sendo dessa vez você, não o bebê, mas a mãe que tem que amamentar. Recomeçar a trabalhar depois de 4 meses se dedicando integralmente aquele serzinho indefeso de quem você é completamente dependente agora. Recomeçar a não poder mais sair à noite, não porque seus pais não deixam, mas porque você não tem com quem deixar o baby.

Recomeçar a tentar o 2º bebê porque vai ser mais fácil criar os dois juntos, recomeçar à embalar nervosa o seu novo bebê, enquanto o primeiro faz cenas de ciúmes, durante as intermináveis e enlouquecedoras crises de cólicas, recomeçar outro dia após ter dormido míseras duas horas, recomeçar a frequentar parquinhos, andar de balanço, fotografar cada sorriso. Recomeçar a frequentar o jardim de infância e ter que ficar do lado de fora da porta enquanto seu fiilho grita desesperadamente pelo seu nome lá dentro. Recomeçar a ter horários pra chegar à escola, fazer tema de casa, pintar desenhos, a fazer cartaz. Recomeçar a repetir a tabuada e depois ter que fazer cálculos e mais cálculos de potenciação e radiciação, que você aprendeu a no mínimo 20 anos atrás, mas que seus filhos esperam que você saiba.

Recomeçar a entender por que foi mesmo que você decidiu ter dois filhos com alguém que você julgava tão instável emocionalmente durante as briguinhas nos tempos de namoro. Recomeçar pela enésima vez aquela DR em que você pede a ele que participe mais da sua vida, da vida das crianças, da rotina da casa, dos almoços com os seus pais. Recomeçar aquele interminável domingo na casa da família dele em que você finge estar tudo bem pra todo mundo e principalmente pra você mesma.

Recomeçar a terapia que você largou porque era feliz e não precisava mais. Recomeçar a procurar emprego porque o seu, você largou já que era mais em conta ficar em casa, que pagar duas escolinhas. Recomeçar aquela dieta que você largou tantas vezes que já nem lembra mais por que e nem qual era o seu manequim antes de engravidar. Recomeçar a pensar em você, coisa que não faz há tanto tempo. Recomeçar a procurar um lugar pra você e seus filhos morarem. Recomeçar a fazer as malas e encaixotar lembranças, dessa vez sem chá de panelas e despedida de solteira. Recomeçar a SUA VIDA, desta vez sem simbioses! Recomeçar... de novo, tudo de novo... tudo novo de novo!!!

2 comentários:

Unknown disse...

A história muda um pouco mas a essência,a dedicação,a maneira de sentir e se doar,esta é quase a mesma de todas nós,"mulheres" e guerreiras.
Um beijo linda!

Unknown disse...

Recomeçar precisa muuuuita força própria e ajuda dos amigos. Tive recomeços menos pesados por que contei com apoio de pessoas que me amam. Mas existem outros recomeços que dependem mais de mim do que qualquer apoio ou pessoa. Abraços, Rê